O Segredo das Massas de Torta e Quiche: Informações Complementares I : INGREDIENTES DA MASSA

Como achei que o post aqui publicado, Os Segredos das Massas de Torta e Quiche: Um Cientista na Cozinha, baseado no livro Um Cientista na Cozinha, do Hervé This, havia deixado algumas lacunas, mandei buscar dois livros de culinária científica na livraria virtual Amazon.com com objetivo de preenchê-las e termos mais embasamento para fazer nossas massas da forma mais perfeita possível, entendendo nossos acertos e simultaneamente corrigindo os erros de nossa prática.
Comprei The Science of Cooking (que vou chamar de livro 1), do Peter Barham, e The Inquisitive Cook (que chamarei de livro 2), de Anne Gardiner & Sue Wilson. Este último trata especialmente de massas para tortas doces, todavia muitos dos princípios são os mesmos para as tortas salgadas. Naveguei por diversos sites em inglês, além dos em português, e vi muitas dicas sobre como obter uma massa de torta perfeita, mas aqueles realmente significativos e de muita valia foram Whats Cooking América, Fine Cooking e Fantes. Penso que agora nossos conhecimentos ficarão mais completos, embora não totalmente completos, porque acredito que sempre teremos algo mais a aprender e que é isto que faz a vida ser interessante. No dia em que eu achar que aprendi tudo, cavo meu túmulo, deito-me dentro e ficarei “com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”, pois a vida deixará de ter seu sal, seu sabor, seu sentido...

Para que o assunto ficasse mais simples, dividi-o em Informações complementares I e II, e os publicarei em dois posts consecutivos. No primeiro, encontrar-se-á a importância científica dos Ingredientes da Massa e, no segundo, a importância científica do Preparo da Massa.
INGREDIENTES DA MASSA

1. Temperatura dos ingredientes: todos os autores são unânimes ao afirmar que a gordura (manteiga, margarina, banha etc.) e o líquido, ou líquidos, usados (água, leite, creme de leite, ovos etc.) devem estar bem gelados, objetivando reduzir a formação do glúten, o qual, na presença de líquido e de uma manipulação exagerada da massa, forma uma rede dura e elástica que é responsável por gerar uma massa de torta rígida. Outros autores são tão perfeccionistas que consideram que todos os ingredientes devem sair diretamente da geladeira para a tigela ou processador, além de gelarem a tigela e o garfo para misturar a massa. Por quê? Porque a baixa temperatura dificulta a formação das cadeias de glúten e o resultado final, logicamente, será uma massa mais delicada e macia (livro 1: p. 180). Se, ao contrário, você esquentar a massa passando para ela o calor de sua mão, ela ficará dura após assada, pois o calor facilita a formação de glúten.

2. Farinha de trigo: a quantidade de proteína na farinha de trigo é muito importante na qualidade final da massa. Quanto mais proteína, mais glúten e mais possibilidade de se obter uma massa endurecida. Leia sempre a tabela que vem impressa no saco de farinha de trigo, chamada de Informação Nutricional (foto 3) (livro 2: p.81). Ex: se para 50g de farinha há 5g de proteína, então a farinha contém 10% de proteína. Se estiver escrito que tem 6g de proteína numa porção de 50g de farinha, haverá 12% de proteína. A melhor farinha para uma massa de torta/quiche macia será aquela com menos proteína, a qual resultará em menor formação de glúten e, consequentemente, numa massa mais branda ou macia. Então, no caso das duas farinhas acima, a melhor escolha é a com 5g ou 10% de proteína. A percentagem ideal de proteína na farinha para massas de torta, segundo o Livro 2, é de 7,5-9%. Aqui em Fortaleza nunca vi. A de menor quantidade de proteína que encontrei tem 10% (5g numa porção de 50g).

Quando se usa uma farinha de trigo que contenha mais proteína (mais de 12-13%), para a massa sair mais macia deve-se aumentar a quantidade de gordura, pois isto faz com que se formem apenas cadeias curtas de glúten (livro 2: p.88), obtendo-se, assim, uma massa mais delicada e quebradiça.

3) Gordura (manteiga, margarina, banha etc.): Já dissemos que a gordura deve estar bem gelada, entretanto há quem diga que o ideal para reduzir a formação de glúten é usá-la congelada, embora um dos autores pesquisados afirme que a gordura congelada não é melhor do que a gelada. Bem, além de ter que estar gelada, ela deve ser cortada em cubos bem pequenos, tendo em vista que isto fará com que a gordura envolva mais facilmente os grãos de amido, processo este que é um redutor da formação de glúten. Em inglês, as gorduras são chamadas de “shortning”, que significa encurtamento, em virtude tanto de dificultarem a formação de glúten como de tornarem mais curtas as cadeias de glúten que conseguem formar-se, obtendo-se, conseguintemente, uma massa mais delicada, mais macia.

O tipo de gordura que você usa afetará tanto o sabor como a textura da massa, enquanto a quantidade afetará a sua maciez. Uma massa de textura escamosa, que é considerada a massa perfeita, se obtém quando pedacinhos não derretidos de gordura ficam entre camadas e camadas de farinha, de forma que quando a gordura é derretida pelo calor do forno, as camadas de farinha ficam superpostas uma sobre as outras, dando a tal textura escamosa da massa.

Algumas massas usam óleo, o qual envolve tão completamente os grãos de amido que não se desenvolvem cadeias de glúten. Embora a massa resultante seja muito macia, ela é farinhenta e não, escamosa, como as que usam manteiga, margarina ou banha (livro 2: p.89).

4) Líquidos: Têm a função de umedecer a massa e, se empregados na quantidade certa, formarão algumas gomas que darão liga à massa, porém, sem endurecê-la. A água é um dos líquidos bastante utilizados. Use-a sempre gelada e coloque apenas o suficiente para umedecer a massa sem ensopá-la. O ideal é colocar a água borrifando com as pontas dos dedos e amassando delicadamente, até perceber que a massa está úmida e homogênea. Água extra tende a gerar glúten extra e o resultado desagradável de uma massa dura. Tudo que foi dito acima é verdadeiro para todos os líquidos, quer seja água, leite, ovo, creme de leite ou qualquer outro ingrediente que contenha água ou leite em sua composição.

O ovo exerce várias funções sobre a massa: 1) a clara do ovo torna-a mais rígida e resistente, o que é bastante desejável quando se utiliza um recheio pesado, o qual não seria suportado por uma massa macia e quebradiça. A clara de ovo contém 90% de água e 10% de proteína. Se você utiliza dois ovos de 51g, estará inserindo na massa 91,8g de água (muita água, não é?) e 10,2g de proteína. A água da clara ajudará a fazer a união entre os grãos de amidos e formará mais glúten durante a manipulação, se esta for exagerada; já as proteínas -- que se coagulam com o calor -- ajudarão a fortificar a massa, a qual será bem mais forte do que aquela que leva somente água; 2) a gema tem uma quantidade mínima de água (7%), sendo desprezível a formação de redes de glúten quando ela é empregada como único elemento umedecedor. Observe que toda massa que leva somente gema é do tipo quebradiço ou podre, pois sua quantidade de água é muito pequena e suas proteínas, quando coaguladas pelo calor do forno, unem os grãos de amido de forma muito fraca, fazendo a massa ficar quebradiça.

O creme de leite constitui um ótimo umedecer. Como tem água e gordura em sua composição, será a proporção presente destes elementos que determinará se ele fará a massa ficar mais, ou menos, macia . Leia sempre o rótulo com as informações nutricionais. O creme de leite Itambé de caixinha, que é o meu preferido por ser mais espesso, tem 20% de gordura (por isto mesmo ele é mais espesso). Lá no rótulo você verá que em 15g de creme de leite há 3g de Gorduras Totais, isto é, 20%. Lógico que qualquer creme de leite fará uma massa menos dura do que aquela em que se usa apenas água, em virtude da gordura presente na sua composição. Quanto maior for a percentagem de Gorduras Totais no creme de leite, maior a maciez da massa, porque maior a quantidade de gordura, que é um dos redutores de glúten. Lembre-se que está subentendido uma delicada manipulação da massa. Se a massa for sovada, só um milagre a fará ficar macia. Bem, como milagres não acontecem na minha cozinha – até agora, gente! --, uso as pontas dos dedos quando manipulo uma massa que quero que fique macia, tratando-a com a gentileza devida a uma fina dama da mais alta sociedade londrina de antigamente (só sei delas por romances: eram hipermimadas pelos gentis cavalheiros de outrora – o que devia ser deliciosíssimo, imagino).

Outro líquido usado para umedecer a massa é a vodka. Composta de 60% de água e 40% de álcool, ela adiciona umidade à massa sem aumentar a formação de glúten em virtude do glúten não se formar na presença de etanol (álcool). Preconiza-se substituir metade da água da receita por vodka. Desta forma, uma massa que leva 120ml de líquido, em que metade dele é substituído por vodka, quando o álcool for evaporado durante o cozimento, a torta ficará com apenas 96ml de água, resultando numa massa bem mais delicada e macia (site Serious Eats).

Dois líquidos empregados, embora raramente, são o vinagre e o suco de limão, todavia não com a função de umedecer a massa. Qual o objetivo, então? Tornar macia a massa da torta. Como o vinagre e o suco de limão são ácidos, eles agem quimicamente sobre as cadeias de glúten, quebrando-as e mantendo a massa, portanto, mais quebradiça e macia (livro 2: p.83). De acordo com o site Diana’s Dessert, a quantidade ideal a ser usada para alcançar os objetivos acima preconizados, sem alterar o sabor da massa, é de 1 colher de chá (5ml) de vinagre ou de suco de limão para cada xícara de chá (240ml ou 120g) de farinha de trigo da receita.

Um grande abraço, Laura Lucia
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Sei que poucas pessoas se interessam por tantas pesquisas e detalhes, mas sou maníaca por informações científicas e adoro testá-las na cozinha. E, se minha famosa preguiça faz optar-me por receitas simples, não tenho preguiça alguma para testar algo que desejo. Sou capaz de despender dias e meses testando, e com o maior entusiasmo do mundo!!! Assim, quem achar cansativo tão detalhado post, passe por cima e vá direto para as receitas, que pode ser bem mais divertido. Todavia, para os que têm paciência e desejam aprofundar-se no assunto, vêm mais umas coisinhas interessantes por aí...

Aguarde o próximo post: O segredo das massas de torta e quiche. Informações complementares II: PREPARO DA MASSA

Empadão de Frango com Catupiry: Massa do Chef Álvaro Rodrigues

Há muitos anos, venho procurando uma massa podre que realmente me agradasse o paladar e que eu, orgulhosamente, pudesse dizer: “esta foi a melhor massa podre que já comi”. Finalmente, depois de uma longa busca e de muitos e muitos testes, encontrei a mais perfeita de todas as massas podres, que é esta do Chef Álvaro Rodrigues com que fiz o Empadão de Frango e que tirei do blog Delícias da Priscila.

Sei que tem uns narizinhos torcendo ao ver que usei gordura vegetal, mas quero deixar bem claro que esta foi a primeira vez que entrou tal produto aqui em casa, cujo único objetivo era testar a massa com diversos tipos de gordura. E, para minha surpresa, o resultado foi fantástico. Os testes mostraram que ela ganha em todas as categorias (veja resultados dos testes abaixo da receita). Já sei, já sei, faz mal à saúde. Estou consciente disto. Raramente faço empadão, pois como vocês já sabem, minha preguiça na cozinha é infinita. Todavia, como só faço empadão uma vez perdida, decidi que o meu terá uma parte de gordura vegetal, pois, sem saber, devo comê-la em mil coisinhas quando me alimento fora de casa. Ora, então por que não dar-me esta alegria uma vez no ano!? Bom, penso assim, mas respeito e aplaudo quem pensa diferente, e escolhe uma das gorduras dos testes que seja mais saudável.

Quanto ao recheio, tirei as idéias dos sites Ilha.com e Bem Feitinho. A diferença daí é que passei os temperos no liquidificador, pois meu paladar me diz que empadão não deve ter pedaço algum de verdura ou tempero. Devo sentir o sabor do frango e do creme somente. É assim que aprecio, mas sinta-se a vontade de fazer como achar melhor.

Bem, o que desejo dizer é que alcancei a “minha” perfeição tanto na massa quanto no recheio. E não pensem que estou me gabando, apenas atesto a verdade do meu paladar, pois para dar este veredicto trabalhei feito uma condenada testando massa após massa e recheio após recheio, errando vezes sem conta antes de chegar ao “meu” ponto ideal.

Recomendo que você teste e depois diga-me o que achou. Sinta-se à vontade para usar qualquer combinação de gordura junto com a manteiga, com exceção da margarina culinária, a qual deixa a massa muito rígida. Leia os testes, tome sua decisão e veja que massa maravilhosa, impecável, perfeita... E o recheio não fica atrás...

Ingredientes *Copo: 185ml *Colher de chá: 2,5ml *Medidas rasas, salvo exceções explícitas

Massa podre

1. 500g de farinha de trigo gelada
2. 150g de gordura vegetal gelada (usei Primor) (ou margarina gelada e picada*)
3. 125g de manteiga gelada e picada
4. 60ml de água gelada
5. 2 colheres de chá rasas de sal
6. 3 gemas geladas

7. 1 gema + 2 colheres de chá de azeite + 2 colheres de chá de leite para pincelar (usei 1 gema + 1 colher de sobremesa de azeite para dar mais brilho, mas não fica legal, pois descola da massa)

Recheio
1. 1½ ou 2 peitos de frango com ossos e peles (1kg) (dá 500g de frango cozido e desfiado)
2. Sal a gosto
3. 3 folhas de louro grandes
4. 1 tablete de caldo de galinha
5. 1/2 litro de água
6. 2 pitadas de pimenta do reino branca

7. 3 colheres de sopas de azeite
8. 50g de bacon picado
9. 3 dentes de alho espremidos
10. 1 cebola pequena picada
11. 1/3 de pimentão vermelho picado
12. 100ml de molho de tomate (usei pomarola tradicional)
13. 1 pitada de pimenta do reino branca
14. 2 pitadas de noz-moscada
15. 2 colheres de sopa rasas de coentro picado
16. 1 ½ copo de caldo de frango coado
17. 5 colheres de sopa rasas de farinha de trigo
18. 50g de queijo parmesão ralado
19. 2/3 de lata de milho verde escorrida a água (150g)
20. Sal a gosto

21. 300g ou 3/4 de caixa requeijão cremoso Catupiry para cobrir o recheio depois de colocá-lo na forma

Preparo
Recheio (inicie por ele)
1. Na véspera: tempere os peitos de frango com alho, sal e as folhas de louro rasgadas. Se preferir, tempere no dia e deixe marinar 2 horas.
No dia: numa panela, ponha um pouco do meio litro de água e o tablete de caldo de frango. Deixe ferver e dissolver o tablete, ajudando com uma colher de pau. Acrescente o restante da água, a pimenta do reino e os peitos de frango com a parte carnuda virada para baixo. Quando ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar até ficarem macios (aproximadamente 50 minutos). Retire os peitos e ponha numa assadeira para amornar. Corte-os em 4 pedaços para esfriarem mais rápido. Remova os ossos e as peles e desfie não muito miúdo. Coe o caldo, deixe repousar e retire a gordura com uma colher. RESERVE.

2. Frite no azeite o bacon e depois refogue um a um: o alho, a cebola e o pimentão. Apague o fogo. Junte os ingredientes 12 a 17 e passe no liquidificador. Ponha esta mistura de volta na panela. Acrescente o frango, o parmesão e o milho, misture bem e deixe cozinhar por 2 minutos em fogo baixo após engrossar. Apague o fogo. Acerte o sal. Espalhe numa assadeira média para esfriar. RESERVE.

Massa
1. No processador, com a lâmina de cortar de metal: ponha bem distribuídos os ingredientes 1 a 6 e use a função pulsar, empregando pulsos curtos e rápidos (pressionando e soltando o botão pulsar) até obter uma bola maior e mais 1 ou 2 pedaços de massa menores, todos homogêneos, indicando que os ingredientes foram bem misturados (foto 3). Junte a bola maior e os pedaços, forme uma só bola, enrole-a em filme de PVC ou saco plástico hermético e deixe descansar 1 hora na geladeira.

2. Separe a massa em 3 partes iguais.

3. Espalhe com as mãos 1/3 da massa no fundo de uma forma redonda de fundo falso ou de abrir de 23,5x5,5cm. Com mais 1/3 da massa, forre a lateral da forma.

4. Acenda o forno a 235º.

5. Ponha o recheio sobre a massa e nivele com uma colher de sopa. Acrescente o Catupiry e também nivele-o com uma colher de sopa.

6. Abra a tampa da massa entre 2 pedaços de saco de lixo (uso Tubarão) ligeiramente enfarinhados. Aperte bem a massa da tampa com a da parede vertical para que a tampa não abra quando assar. Pincele toda a superfície com a gema misturada com azeite e leite.

7. Leve para assar por 50-55 minutos. Gire a parte da frente da forma para trás aos 35-40 minutos para corar por igual. Quando retirar, deixe amornar sobre uma grade. Desenforme morno, mais ou menos 1 hora após sair do forno, com ajuda de uma placa salva-bolo ou sirva com a parte de baixo da forma para evitar rachar a massa, que é podre (removi a parte de baixo da forma, após as fotos, usando a placa Salva-bolo. Houve quatro rachaduras verticais na massa lateral, sem muito comprometimento estético). Veja dica 2.

Dica 1: para facilitar o trabalho, você pode preparar o recheio de véspera e guardá-lo na geladeira em depósito tampado. No dia, basta dar uma amornada no microondas e deixar esfriar. Fica perfeito. Eu experimentei cozinhar o frango de véspera, então desfiar e preparar no dia. Não prestou: ficou com gosto horrível de frango velho.

Dica 2: Em outro empadão que fiz após este, deixei amornar 1 hora e fiz uma cinta com papel Duplex, de 5cm de altura, contornando toda a lateral. Uni as duas pontas com durex, cuidando para não apertar a massa, evitando rachá-la nesta hora. Depois usei a placa salva-bolo para passar para o prato de servir. Após 10 minutos, removi delicadamente os durex e a cinta, e o resultado foi espetacular: não houve uma única rachadura na massa!


*TESTES QUE FIZ COM A MASSA DO CHEF ÁLVARO RODRIGUES E OS RESULTADOS:
1. Com banha de porco: excelente textura, gosto fortíssimo de porco. Testei apenas a massa, mas como não suporto o sabor, não fiz nenhum empadão com ela. Não desenformei portanto.

Em 2, 3 , 4 e 5 troquei os 150g de banha por:

2. Gordura vegetal hidrogenada: excelente textura, excelente gosto. Desenforma razoavelmente. Sabor perfeito, pois sente-se um suave gosto de manteiga sem que fique muito forte.

3. Margarina (usei Delícia Supreme): boa textura, gosto bom, embora se perceba bastante o sabor da margarina**. Desenforma bem.

4. Margarina culinária: um tanto dura, gosto bom; não se sente o gosto de margarina. Desenforma superbem. A melhor de todas as massas para trabalhar. Fácil de abrir com rolo. Fica com uma aparência muito bonita, brilhante, mas é um tanto dura.

5. Manteiga (massa toda de manteiga): excelente textura, excelente gosto. Desenforma pessimamente, pois se quebra demais. Para mim, o gosto da manteiga fica forte demais.

**Obs 1.: Talvez o problema com a margarina seja meu. A Delícia Supreme é a que acho de sabor menos ativo. Realmente não gosto de nenhuma delas, embora procure usar nas receitas com ingredientes de sabores fortes, como o chocolate, que despistam o gosto da margarina, por uma questão de saúde.

Obs. 2: Na foto 2, vê-se que a parte da massa em contato com o catupiry tem cor mais escura, parecendo crua, mas não é. O que acontece com os recheios cremosos é que eles fazem a massa que ficam em contato com eles cozinhar, em vez assar, dando uma cor diferente a ela. A prova: a massa crua tem sabor forte de farinha de trigo, mas a tampa desta que fiz tinha sabor delicioso.

Torta Falsa de Siri

Tenho por hábito colocar nome nas coisas. Assim, quando não há nada programado para comer, olho o que tem na despensa e freezer, então invento ou procuro uma receita que se adapte aos ingredientes que tenho. Este é o “dia-do-pobre”.

Num desses “dias-de-pobre”, achei sardinha: imediatamente lembrei-me que tinha visto e copiado uma Torta Falsa de Siri à base de sardinha. Fiz a tal torta, mudando o azeite de oliva por azeite dendê. Todos aqui apreciaram muito, mas achei que uma lata sardinha fora pouco, e desta vez fiz a receita empregando duas latas grandes. Ah! Agora, sim, ficou do meu gosto.

A sardinha misturada com o repolho adquire um sabor que se assemelha ao do siri, enquanto o azeite dendê dá um toque especial, bastante agradável ao paladar. O resultado é um prato mui gostoso, barato e fácil de fazer, que pode ser servido sozinho como lanche, como prato principal num almoço descontraído ou como acompanhamento de outros pratos numa refeição mais elaborada.

Créditos: Petit Chef


Ingredientes *Colher de chá: 2,5ml *Colher de sopa: 15ml

1. 1 repolho médio cortado em tirinhas bem finas (1,1-1,2kg)

2. 2 colheres de sopa de azeite dendê

3. 3 dentes grandes de alho espremidos

4. 1 cebola média cortada em cubinhos

5. 1/2 pimentão médio cortado em cubinhos

6. 2 pitadas de pimenta do reino

7. 2 colheres de chá rasas de sal

8. ¼ de molho médio de coentro

9. 1 vidro pequeno de leite de coco (200ml)

R

10. 2 colheres de sopa de azeite dendê

11. 1 colher de sopa cheia de farinha de trigo

12. 2 latas de sardinha grandes, escorrido o óleo

R

13. 4 claras em neve (de ovos grandes)

14. 4 gemas (de ovos grandes)

15. Queijo ralado para polvilhar (usei 200g de queijo coalho maturado)

R

Preparo

1. Numa panela bem grande, faça um refogado com o azeite dendê. Frite o alho até dourar, acrescente a cebola e o pimentão e frite até a cebola ficar transparente. Adicione a pimenta do reino e o cheiro verde, e misture. Junte o repolho e refogue até amaciar. Acrescente o leite de coco e cozinhe até reduzir bastante o molho. Deve ficar apenas úmido.

2. Ponha o azeite dendê e misture. Tire a panela do e adicione aos poucos a farinha de trigo, espalhando-a com as mãos, como se fosse um chuva de pó. Misture bem, volte a panela ao fogo e deixe cozinhar 1-2 minutos

3. Adicione a sardinha bem esfarelada e misture bem. Acrescente o sal e prove para ver se está ao seu gosto. RESERVE

4. Acenda o forno a 250º.

5. Unte com margarina um marinex retangular médio de 30x20x4cm.

6. Após 10 minutos de aquecimento do forno: bata as claras em neve bem firme na batedeira, acrescente as gemas e uma pitada de sal. Bata mais.

7. Junte metade dos ovos batidos ao repolho refogado. Ponha esta mistura no marinex e regularize com uma colher. Espalhe por cima o restante dos ovos e polvilhe com queijo ralado. Leve ao forno por 20 minutos ou até dourar. Sirva em seguida e veja que coisinha saborosa você acabou de fazer.

Como Fazer Folhas de Chocolate: Método Caseiro

Adoro enfeitar minhas tortas doces e acho que as folhas de chocolate dão a elas uma graça infinita. Tentei encontrar artigos relacionados na net e nos livros que tenho, mas, além de não terem fotos ilustrativas, todos são muitos vagos: “Tempere o chocolate e passe uma ou duas camadas do mesmo com um pincel fino”. Ora, droga, vá pro o inferno com esta mania de achar que está ensinando algo, quando na verdade está sonegando informação!!! Sou do princípio de que se alguém é profissional, guarde seus segredos debaixo de sete-chaves e pronto. Se não o é, todavia gosta de guardar suas técnicas só para si, tem todo o direito. Agora, fingir que ensina, que diacho!, deixa-me furiosa.
Resolvi, então, eu mesma tentar fazer as danadas das folhas de chocolate. Errei um “tantão”, mas no final consegui um resultado que me agradou bastante. Estas fotos foram das minhas primeiras experiências. Sei que as costas das folhas ficaram grosseiras porque eu tinha medo de esquentar demais o chocolate e acabei trabalhando com ele mais frio do que deveria. No entanto, de frente, as folhas fazem um figurão numa torta e todo mundo fica encantado.

Assim, decidi repassar para você o meu método caseiro, primitivo e autodidata de fazer folhas de chocolate. É supersimples e rápido. Tenho certeza que você vai acertar de primeira e que todos vão adorar sua torta engalanada de folhas. Conte-me depois, sim?
Material
1. Raspas finas de chocolate fracionado (uso o fracionado branco ou meio amargo da Herald, Top cobertura. A grande vantagem é não precisar temperar)
2. Folhas de papoula (de roseira, hortelã ou outras, que possuam nervuras. Não podem ser venenosas nem conter inseticida)
3. Pincel de cerdas de 4mm de largura (uso Condor nº 4)
4. Faquinha de ponta fina
5. Pinça de sobrancelhas com ponta diagonal

Confecção
1. Escolha folhas bonitas de papoula, removendo-as do pé com o cabinho. Lave-as e enxugue-as bem. Não pode ter água nelas.

2. Em cima de uma tábua de carne pequena, ponha um pedaço de papel toalha de tamanho que possa enrolar as pontas para baixo, para esticar o papel. Coloque as folhas em cima, pelo avesso (veja foto 2-a).

3. Ponha um dedo de água num papeiro pequeno e leve ao fogo para ferver. Apague o fogo. Coloque um pouco de chocolate raspado num dos cantos de um papeiro maiorzinho e ponha este papeiro inclinado em cima do primeiro, com as raspas no canto mais baixo do papeiro (veja foto 2-b). O importante é que o segundo papeiro fique longe da água. Mexa com as pontas de um garfo de sobremesa até derreter metade do chocolate. Aí retire do banho-maria e mexa até o chocolate derreter todo.

4. Segure cada folha pelo cabinho e, com o pincel, passe uma fina camada de chocolate em toda ela, assegurando-se de que tenha chocolate nas bordas e na ponta e que este não extravase para o outro lado da folha. Coloque a folha em cima de um canudinho grosso para que ela não achate no meio com o peso do chocolate (foto 2-c). Leve a tábua e as folhas ao congelador por 3 minutos.

5. Derreta novamente o chocolate. Passe uma boa camada em cima da primeira (foto 2-d). Confira novamente o chocolate das bordas e da ponta. Leve a tábua e as folhas ao congelador por mais 3 minutos.

6. Segure delicadamente cada folha pelas bordas e remova as folhas de papoula puxando pelo cabinho (foto 3). Retire com cuidado os restos destas folhas que ficarem nas bordas com ajuda da faquinha de ponta fina e da parte mais fina da pinça de sobrancelhas de ponta diagonal (isto é mais necessário com folhas de hortelã). As folhinhas, agora, estão prontas para o uso (fotos 1 e 3). Simples, não acha?

Obs.: 1) Você pode fazer as folhas com antecedência e guardá-las na geladeira numa caixinha plástica bem fechada, envolta por um saco plástico, fechado com um nó. Duram duas ou mais semanas; 2) Comprei o chocolate fracionado TOP Cobertura da Harald por R$10,90 o quilo, na loja Doca: rua Castro e Silva, 277, Centro, Fortaleza-CE.
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